domingo, fevereiro 27, 2011

Fragilidade

Há poucos dias um pardal doente me visitou. Tratei-o, improvisando um ninho e tentando alimentá-lo. Alguns dias depois lá estava a avezinha com os olhos cerrados e os pés juntos, como se quisessem despedir-se depois de infinitos pousos em lugares tão diferentes e distantes. O espírito do pequenino pardal já não estava mais onde o corpo jazia em repouso. Possivelmente tinha voado rapidamente para outros lugares, uma outra realidade, aproveitando a forte ventania que lamentava o seu canto indiferente.
            Eu pensei inevitavelmente, na minha morte e como seria o céu dos pardais. Eu pensei se seria assim numa terça-feira cinzenta, úmida e quente e diante de um caminhante distraído. Eu pensei se seria possível chamar a atenção do mundo para a sua fragilidade inquebrantável. ©

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