No filme “O Regresso para Bountiful” (The Trip to Bountiful), de 1985,
Geraldine Page interpreta Carrie Watts, uma idosa teimosa cujo maior
desejo é voltar ao lar de sua infância - na pequena cidade de
Bountiful, no estado do Texas - antes de se dirigir para a sua casa
celestial. Já que o filho e a nora não atendem o seu pedido, ela resolve
fugir de casa e embarcar num ônibus retornando a velha casa.
O hino “Manso e suave” (Softly and tenderly Jesus is calling) abre e fecha o
filme. E durante a viagem Carrie canta mais um hino. Hollywood, hoje dominada
por anticristãos, surpreendentemente não vetou a inserção desses hinos.

Carrie consegue
chegar à fazenda onde cresceu: a casa está em ruínas, os campos tomados pelo
matagal, tudo está abandonado. Ela diz: “É estranho mas desde que cheguei aqui
tenho a impressão que meu pai e minha mãe vão sair desta casa, saudar-me e me
darem as boas vindas”.
Por que carregamos a estranha sensação de que aqui não é o
nosso lar Por que uma pessoa bem sucedida financeiramente, sem problemas de
saúde ou familiar, de repente sente um nó na garganta ansiando por um lugar que não sabe
explicar muito bem?
O pintor Edouard Manet expôs em uma tela – The Bar at the
Folies-Bergeres – uma interessante mensagem. Um restaurante atulhado de
pessoas, lâmpadas que ressaltam o ambiente de euforia, garrafas de champanhe e
vinho, frutas e, entre essa abundante visão de luxo e diversão, uma jovem de
pulseira dourada e roupa sofisticada, cuja face exala uma melancolia inexaurível. O vazio está em todo lugar.
A Bíblia ensina que este mundo não é nossa casa, somos
peregrinos e forasteiros, viajantes a caminho do nosso
verdadeiro lar. Em tempos difíceis ou bons, ansiamos por algo mais. Fomos
criados para avançar além dos limites estreitos deste mundo. Deus colocou o
desejo da eternidade no coração do homem (Ec. 3:11). Esse anseio funciona como
uma seta apontando o caminho para Deus. Não há vida independente de Deus.
“Sabemos que, se for destruída a temporária habitação terrena em que
vivemos, temos da parte de Deus um edifício, uma casa eterna no céu, não
construída por mãos humanas. Enquanto isso, gememos, desejando ser
revestidos da nossa habitação celestial [...] Pois, enquanto estamos
nesta casa, gememos e nos angustiamos, porque não queremos ser despidos,
mas revestidos da nossa habitação celestial, para que aquilo que é
mortal seja absorvido pela vida" (II Cor. 5:1,2,4).
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