Muitas pessoas se alimentam sem prestar atenção
em cada sabor especifico; as músicas mais “tocadas” carregam mensagens
niilistas, sexualidade e a felicidade a qualquer preço; não é a toa que os
livros mais vendidos são os de autoajuda. Uma subnutrição mental, espiritual e visual paira sobre a cabeça do homem pós-moderno. As vozes do culto ao eu reverberam nas manifestações artísticas; são vozes estridentes até mesmo dentro das igrejas.
É uma questão de observar, alertou Jesus. Ele também falou sobre o olho – o olho é o que espalha a luz pelo corpo. Quando os nossos olhos fitam as coisas erradas, a escuridão vem fazer morada em nosso ser. Quando os nossos olhos estão afiados, somos inundados pela luz – passamos a prestar atenção nos detalhes e belezas que nos cercam.
Isso me faz lembrar do filme “Além das Nuvens” do diretor
Michelangelo Antonioni. Num bar em Paris durante o dia, uma jovem se aproxima de um homem de meia-idade e diz que tinha lido uma coisa fantástica
numa revista e precisava falar disso com alguém. Era o seguinte: no México, cientistas
contrataram carregadores para levá-los ao cume da montanha de uma cidade inca.
A certa altura, os carregadores não quiseram mais prosseguir. Os cientistas,
irritados, não sabiam mais como fazê-los seguir adiante. Não entendiam os
motivos de uma parada tão prolongada.
Após
algumas horas, os carregadores recomeçaram a andar e, finalmente, o chefe deles
deu uma explicação: eles tinham corrido muito e estavam esperando suas almas
chegarem. A moça que contou esta história comentou: “É fantástico, porque
também corremos atrás de nossas coisas e perdemos nossas almas. Devíamos
esperar”.
Realmente, corremos atrás de tantas
coisas que nossas almas não conseguem enxergar a estonteante beleza do universo..
(Trecho do livro "Um Grito de Ausência" © de Samuel Rezende)
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